Já repararam como tudo é tão bonito e mágico nalgumas publicidades sobre a maternidade? Mas a realidade pode ser cruel... não deixando de ser bonita e mágica, mas cruel.
A maternidade é uma grande e pesada responsabilidade e nada nem ninguém consegue "ensinar-nos" a sermos mães, por mais conselhos e opiniões que dêem.
A mãe de sonho que criamos no nosso imaginário durante 9 meses dá lugar à mãe real e é tudo tão rápido, pouco poético e nem sempre como sonhámos.
Nem vou falar do parto... felicito quem tenha feito plano de parto e criado enormes expectativas e que tudo tenha corrido como planeado e expectado. Não deixa de ser o momento mais importante da nossa vida, uma felicidade extrema o cruzar de olhares com aquele ser tão pequenino e frágil. Mas é aquele momento que nos diz: "Bem-vinda à realidade!" Aquele ser depende quase única e exclusivamente da mãe. E de repente o medo de falhar, de errar apodera-se de nós.
Na primeira noite não dormi. Não conseguia deixar de olhar para ela, não sabia se tinha frio, se tinha calor, se queria mamar... verificava quase de cinco em cinco minutos se ela respirava... se tinha as mãozinhas quentes ou frias... Que angústia!
A mãe de sonho que criamos na gravidez só sente amor e mais amor... a mãe real sofre por sentir tanto amor, chora pela incapacidade de não saber porque chora o bebé, chora por se sentir exausta, cansada e com sono... há dias em que não se sente feliz e sente culpa por isso... há dias em que se sente sozinha...
Ser mãe é abdicar de muitas coisas, principalmente de ser uma prioridade. Abdicar de si própria quase sempre... muitas vezes inconscientemente. Abdicar de um bom banho de imersão, por vezes nem tempo há para um simples duche... Ser mãe é passar um dia inteiro de pijama porque nem tempo ou paciência tem para se arranjar e mudar de roupa... Ser mãe também é passar fome, ou porque o bebé está a chorar e irrequieto há horas e já são 4 da tarde e não almoçou, ou porque simplesmente se esquece... há sempre tanta coisa para fazer em casa. Ser mãe é, por vezes, cheirar a azedo do bolçar do bebé... Ser mãe é aceitar o novo corpo que tem. Por melhor que seja a recuperação o corpo de mãe não volta a ser o de antes.
Ser mãe é o melhor do mundo, mas é difícil... e não temos de ser perfeitas e fingir que o nosso dia-a-dia é sempre "cor-de-rosa", até porque há dias bem cinzentos!
Se vais ser mãe de primeira viagem... desculpa, não te quero assustar! E deixo-te algumas sugestões:
Comprar pijamas giros, confortáveis, com botões para facilitar a amamentação.
Aproveitar para dormir um pouquinho quando o bebé dorme, porque nunca se sabe o que vai acontecer quando ele acordar! Ou se vai passar bem a noite...
Deixar o companheiro cuidar do bebé, dividir todas as tarefas com ele sempre que for possível.
Aceitar toda a ajuda da família, se a tiveres perto. Porque nos primeiros dias não há paciência nem disponibilidade para cozinhar, ir às compras, limpar a casa, lavar roupa, etc...
Encher o frigorífico e a despensa antes do nascimento do bebé.
Partilhar, desabafar, conversar com o companheiro.
Por vezes penso na minha própria mãe, lembro-me de ser criança e de como a achava sempre cheia de certezas e convicção no que fazia, no que dizia... agora sei que por dentro ela tinha dúvidas, incertezas e inseguranças. É bem verdade aquela frase clichê "quando fores mãe vais entender as minhas atitudes". Agora sim entendo...