Patrícia Candoso
Como mudei sendo mãe

Ser mãe muda-nos, isso é inevitável, acontece de forma inconsciente... mas muda-nos como? E em quê?
Quando a Maria Clara nasceu e tornei-me mãe houve mudanças imediatas e lógicas, como por exemplo, as rotinas. Mas há algo que mudou sem pensar nisso: ela passou a ser uma prioridade na minha vida. De repente existe um bebé que depende de mim e do pai para tudo! No entanto hoje, passados 16 meses, vejo e identifico perfeitamente o que mudou em mim. Algumas coisas não mudaram de um dia para o outro, foram mudando com o tempo e crescimento dela.
Ter uma maior noção do risco
Nunca fui uma pessoa demasiado aventureira, mas por vezes fiz escolhas e tomei decisões por impulso, sem medir muito o risco. Depois de ser mãe isso mudou completamente, é da minha responsabilidade garantir a segurança e bem-estar dela. E se ao mesmo tempo esse sentimento fez-me sentir uma pessoa muito importante, tornou-me também mais alerta para todos os perigos. Não digo que nós mães vivemos cheias de receios e medos, apenas passamos a ter uma maior noção do risco. Basicamente é o instinto de proteção.
Saber o que não quero
Eu não quero isto ou aquilo para a minha filha! De repente, passei a ser uma pessoa de certezas quase absolutas sobre o que não quero, o que não considero bom para ela. E ao mesmo tempo uma pessoa de grandes dúvidas sobre o que quero, ou escolher o melhor para ela. Talvez seja pelo medo enorme de errar com os nossos filhos. Mas pouco a pouco vou me mentalizando de que isso é impossível, errar faz parte do crescimento e da aprendizagem. E já é bom saber o que não quero!
Não deixar coisas para amanhã
Gosto muito da canção do Variações "é pr'amanhã bem podias fazer hoje..." depois de ser mãe não pode ser! Quando amamentava levei muito a sério os conselhos para dormir quando ela dormia, porque nunca se sabe quanto tempo é que eles vão dormir, se acordam bem-dispostos, se a noite vai correr bem... E naquele momento que temos 5 minutos para lavar a louça? É melhor fazê-lo. Se nos lembramos de algo importante para fazer naquele momento o melhor é fazê-lo senão, vamos acabar por nos esquecer. Também percebi que mãe é um ser que pode esquecer-se de coisas com facilidade!
Adeus despertador
Confesso que aqui em casa o despertador tornou-se quase indispensável. E pensar que antigamente às vezes até colocava 3 alarmes seguidos de 5 em 5 minutos e custava horrores sair da cama. Agora ela choraminga ou começa a conversar por volta das 7H e levanto-se, muitas vezes ensonada mas com um sorriso de amor nos lábios.
Afinal é isto a felicidade
O conceito de felicidade é muito complexo, há tantas coisas que nos fazem sentir felizes ao longo da vida. Encontrar a nossa pessoa, partilhar momentos em família, viajar, comer um bom sushi, estar com amigos, para mim tudo isto são momentos de felicidade. mas desde que a Maria Clara nasceu percebi que a felicidade na sua plenitude é apenas sentir o seu cheiro... é inexplicável, não é?