Quando a Maria Clara nasceu foi opção nossa acompanhar o crescimento dela a 100% pelo menos no seu primeiro ano de vida. Criar laços para sempre... Claro que isso implicou e implica alguns sacrifícios pessoais e o abdicar de muitas coisas, principalmente a nível profissional.
Quem contrata uma atriz grávida? Felizmente não passei por isso e algumas produtoras já estão mais abertas a esta questão, mas por vezes a personagem não de adequa ao estado de graça.
Depois do bebé nascer... "Ela agora foi mãe está ocupada com a maternidade..." Tenho colegas que sofreram com isso durante muito tempo, eu felizmente voltei ao teatro ao fim de 6 meses e à televisão ao fim de 9 meses. É natural que no pós-parto não tenhamos vontade ou disponibilidade física e emocional para sair de casa, mas não dura para sempre, cada caso é um caso e algumas mulheres numa semana recuperam outras precisam de alguns meses. Mas estamos cá!
Não é fácil ter uma profissão liberal, sem horários, sem estabilidade e conciliar tudo isso com a maternidade. Se ao início os bebés não têm horários definidos e ainda assim todo o nosso tempo é deles... quando começam a crescer e a ter horários e rotinas torna-se ainda mais difícil de gerir.
Acho muito injusto quando uma mulher tem que optar pela sua carreira profissional ou pela vontade de construir uma família e ter filhos. E quando decidem que conseguem abraçar ambos os sonhos por vezes o medo de falhar constantemente e não estar à altura, está sempre no pensamento.
Apesar de achar que estamos a caminhar, ainda que lentamente, para uma mudança social relativamente à maternidade e paternidade, há tanto a implementar...
Durante a gravidez nós mães estamos sempre a ouvir que é fundamental amamentar o máximo de tempo possível, tentar amamentar em exclusivo até aos 6 meses... Os primeiros 2/3 anos de vida de uma criança são fundamentais a todos os níveis. E depois na pratica há mães que têm de regressar ao trabalho quando o bebé tem apenas 4 meses... Deixam-nos na creche às 7H30 e depois vão buscar-los às 18H... Os primeiros anos de vida, aqueles que são fundamentais, são passados com estranhos, que se tornam família para eles, é claro. É triste esta realidade.
No meu caso tenho muito a agradecer aos avós da Clarinha, tanto os meus pais como os do Marco estão sempre disponíveis para ficar com ela naqueles dias mais complicado de gerirmos horários. Ter a nossa família assim próxima é uma ajuda fundamental. E como também sabemos, a relação com os avós é fundamental nos primeiros anos, o amor que lhes dão é único!