Depois de ler o meu artigo sobre a dura realidade da maternidade, o Marco, meu companheiro e pai da Maria Clara, disse-me que gostava de partilhar o que sente sobre a dura realidade de ser pai!
Achei o pedido dele muito interessante até porque durante a gravidez e nos primeiros meses de vida do bebé, o papel do pai assume um lugar muito na sombra e é por vezes esquecido. Por isso, deixo-vos o desabafo de um pai:
Sempre tive o desejo de ser pai. Sempre imaginei ser um pai muito presente, cuidadoso e com muito amor e atenção para dar.
Durante a gravidez da Patrícia sentia muitas vezes receio, angústia, medo de falhar como pai... parecia por vezes que nada era concreto, não me sentia pai ainda. É difícil passar nove meses em que parece que quem vai ter um bebé é só a mãe, nós pais quase não existimos. As pessoas direcionam toda a atenção para a grávida, eu compreendo que assim seja, mas por vezes faz-nos sentir à margem de tal forma que parece que o bebé não é nosso...
Há imensos preconceitos e frases feitas sobre o papel da mãe e do pai.
O pai é que sustenta a família e a mãe fica em casa a cuidar dos filhos, acho tão ridículo que ainda exista essa quase imposição na sociedade, um pai também sabe cuidar dos filhos tão bem quanto a mãe, que precisa igualmente da sua realização profissional.
Um pai não tem que ajudar! Um pai faz parte da vida do bebé por isso divide as tarefas, muda a fralda, dá banho, biberão, faz massagem quando o bebé chora e está aflito com cólicas... também fica desesperado quando o bebé chora horas a fio e não consegue acalmá-lo...
Um pai tem dúvidas... incertezas, mas transforma-se no ser humano mais forte à face da terra para que nada falte, para cuidar o melhor possível do bebé e da mãe.
Eu acho que a minha filha tem uma mistura perfeita de traços meus e da Patrícia e gosto de ouvir quando dizem que ela é a minha cara! Mas claro, por vezes o comentário vem acompanhado daquela frase típica: "a mãe é que carrega durante 9 meses e depois a bebé é a cara do pai!" A sério?!
Ser pai criou em mim um sentido de responsabilidade enorme, quero, a cada dia que passa, ter um comportamento exemplar que se reflita na educação e crescimento da minha filha. Ser pai faz-me sorrir constantemente, mesmo quando trabalho mais de 10 ou 12 horas e não durmo, e ela olha para mim com aqueles olhos gigantes e apaixonantes.
Ser pai é ter o coração constantemente apertado porque este amor é tão grande que dói... e dói quando saio de casa para trabalhar e sei que perco mais um sorriso, uma gracinha nova, uma birra de sono, um choro de cólicas...
É duro ser pai mas é inexplicável a sensação...
Ser pai é acreditar e fazer o que achamos correto, porque é o que nos fará felizes. Tenho respeitado muito o espaço da minha companheira com a bebé assim como ela o meu, isso tem feito o nosso amor crescer muito mais... quando existe esse espaço e respeito tudo é mais saudável, mesmo sendo cansativo...
Já ouvi algumas mães a dizer aos pais: " deixa que eu faço...", "porque eu é que sei...", "és homem não percebes"... Falo por mim, claro, mas acredito que se os pais tiverem essa oportunidade vão saber exatamente o que fazer, parece que toda a sabedoria nos corre nas veias, como acontece com a mãe.
Hoje é o meu primeiro dia do pai e é uma emoção gigante!
Feliz dia do Pai