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  • Foto do escritorPatrícia Candoso

Nem sempre velhice rima com meiguice...

Atualizado: 5 de abr. de 2020


Na certeza de que as minhas avós não irão ler esta publicação, esta semana senti necessidade em escrever sobre a velhice. Como diz o título do filme " este país não é para velhos", mas quase me apraz dizer, que na realidade a nossa cultura e sociedade ´que não são para velhos, já foram em tempos... A vida segue e o tempo não pára e todos nós caminhamos para lá, para a velhice. E, quer queiramos ou não, há momentos de muita tristeza e solidão na velhice, principalmente quando se fica dependente de outros para viver o dia-a-dia de uma forma digna.

Sou mãe e amo a minha filha, um sentimento tão puro e inocente... julgo que qualquer mãe daria a vida pelo seu filho. E ao pensar e sentir tudo isto, percebo que a minha mãe/pai também sentem o mesmo por mim, e os seus pais (meus avós) o mesmo também. Mas, em alturas e vivências diferentes... com sacrifícios que, talvez hoje, nenhum jovem casal conseguiria aguentar sequer um dia. Ainda assim, criaram os seus filhos com todo o amor e dedicação que lhes foi possível.

A vida é um ciclo os filhos crescem e nascem novas famílias, os galhos da árvore genealógica não param de se multiplicar. Claro que os pais têm de deixar os seus filhos voar, e dando-lhes a certeza de que o ninho está sempre ali para qualquer adversidade da vida. Mas por vezes as vidas dos filhos afastam-nos tanto dos pais... esses seres tão generosos que não cobram, não julgam o filho, não querem ser um peso nas suas vidas. E alguns desses filhos fecham os olhos, ou desviam o olhar porque têm as suas vidas, as suas famílias e não há lugar, nem vagar para um velho... mesmo sendo esse velho ou velha aquela pessoa que lhe deu vida, deu de mamar, deu amor, educação, ficou muitas noites sem dormir... nalguns casos tirou da sua própria boca para que não lhes faltasse o que comer.

Quando somos jovens a velhice está tão distante que até parece que nunca iremos lá chegar. Por vezes ouço histórias de outras famílias em que os filhos preferem não ver que os seus pais já não têm a vitalidade de antes, custa, certamente que custa ver isso, os nossos primeiros heróis são agora seres vulneráveis. Mas lá chegaremos, se a vida nos deixar. As minhas avós vivem sozinhas, neste momento, já passaram dos oitenta, cada uma com os seus problemas de saúde, é a cabeça que já não tem paciência, é o sono que já não deixa descansar, os ossos que doem... ainda são autónomas felizmente, mas vivendo muito longe delas e vendo a felicidade nos seus rostos sempre que as posso visitar, percebo que a velhice tem tanta solidão... era tão bom que em todas as famílias velhice pudesse rimar com meiguice.

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